As várias Faces do subdesenvolvimento
Traz do sonho pro mundo
Quem já não queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia
E a cidade que tem braços
abertos num cartão postalcom os punhos fechados da vida real
Lhes nega oportunidade mostra
a face dura do mal....
- Alagados”. Hebert Viana.
As péssimas condições
de moradias refletem nas paisagens urbanas das cidades, principalmente em
países desenvolvidos. Sabemos que o subdesenvolvimento traz tantas diferenças
regionais, desigualdades sociais e dependência, tanto tecnológica quanto do
capital estrangeiro.
Origens do
subdesenvolvimento
A desigualdade das
relações entre países favoreceu a concentração de riquezas em algumas nações e
causou a pobreza generalizada em grande parte do mundo.
O longo período de dominação
política e econômica e no tipo de relação estabelecida entre e colônias e
metrópoles enquanto existiram grandes impérios coloniais.
Grandes impérios -Colonialismo( século XV – XVIII),
Imperialismo (XIX):
·
Potências Mercantilistas (Portugal e Espanha).
·
Potências da Revolução Industrial (França,
Inglaterra, Holanda). Os principais impérios coloniais eram britânicos e
francês.
·
Itália, Bélgica, Alemanha, Portugal e Espanha
possuíam domínios mais modestos.
As ex-colônias
adquiriram problemas após sua independência em decorrência da sua relação com a
metrópole. Também adquiriram outros originados da própria incapacidade de administrar seus destinos. A situação de
pobreza agravaram com governos ditatoriais, submissão aos interesses de empresas
transnacionais, corrupção, conflitos étnicos e dívida externa.
A Divisão
Internacional do Trabalho (especialização ou papel de cada país no mercado
mundial) também influenciado e controlado pelos países ricos, A metrópole
dominava o comércio com as colônias através do pacto colonial.
As novas nações se
especializaram-se na exportação de matérias-primas agrícolas e minerais e
tornaram-se mercado consumidor para produtos industrializados das antigas
metrópoles (DIT Clássica).
Após a Segunda Guerra
Mundial, as empresas transnacionais procuraram, nesses países, um novo mercado
para vender seus produtos, aplicar seu capital e aproveitar sua abundante
oferta de mão de obra barata.
A divisão
internacional do trabalho foi se tornando cada vez mais complexa, os países
subdesenvolvidos passaram exercer novos papeis. A industrialização de países
subdesenvolvidos e o surgimento de nações emergentes não só ampliaram a divisão
internacional do trabalho como aprofundaram a dependência desses países em
relação aos países desenvolvidos.
O antigo Terceiro Mundo e o Movimento dos Não Aliados.
Após
a Segunda Guerra Mundial, teve inicio o processo de descolonização de países da
África e da Ásia (1946-1975), que, somados aos países da América Latina,
independentes desde o século XIX, formaram um conjunto chamado por muitos anos
de Terceiro Mundo.
O
processo de descolonização deixou claro que as antigas colônias não competiram
em igualdade de condições com as nações que já haviam realizado sua revolução
industrial e atuando como potências coloniais durante i período do colonialismo
e do imperialismo.
As
novas nações independentes surgiram num contexto mundial marcado pela guerra
fria, em que socialistas e capitalistas disputavam avidamente o controle de
cada nova nação, e num momento em que países ricos queriam manter o preço das
matérias-primas no mercado mundial.
Países
africanos e asiáticos defenderam o direito de manter uma postura de equidistância
geopolítica das superpotências, não estar alinhado com nenhuma delas.
Foi
realizada na Indonésia, em 1955, uma conferência governada por Ahmed Sukarno,
para reivindicar seus direitos e colocar
em evidências as desigualdades entre países ricos e pobres, o conflito Norte-Sul,
deixando de lado o então conflito Leste-Oeste.
A
conferência foi organizada por índia, Paquistão, Birmânia (atual Mianma),
Ceilão (atual Siri Lanka) e Indonésia. Reuniu país europeu ou americano esteve
presente em Bandug. Os países latino-americanos não foram chamados porque eram
dominados economicamente pelos Estados Unidos. O líder iuguslavo Josip Tito teria,
mais tarde, importante participação na formação do bloco dos países não alinhados.
Os
principais líderes do movimento foram Gamal Abdel Nasser, do Egito, Jawaharlal
Nerhu, da índia, e Josip Tito, da Iuguslávia, que em 1956, reunidos na ilha de
Brioni, no mar Adríatico, tentaram, seguindo as orientações de Bandug, deixar
mais forte essa terceira força, que deveria ter papel mais atuante na Assembleia
Geral da ONU, significando uma alternativa entre o capitalismo dos estados
Unidos e o socialismo da União Soviética.
Em
setembro de 1961, realizou-se a Conferência de Cúpula de Belgrado (Iuguslávia),
onde foi oficialmente criado o Movimento de países Não Alinhados, dessa vez com
a participação de um país latino-americano: Cuba.
Com o fim do socialismo o movimento procurou
justificar sua existência fora da guerra fria. Em 2009, a organização reuniu
118 países e pretendia agir em defesa dos interesse dos países do Sul, no
mecanismo da economia mundial.
Origem da Expressão Terceiro
Mundo
A expressão Terceiro Mundo
foi criada, em 1992, pelo demógrafo francês Alfred Sauvy, em um artigo
publicado no semanário francês France Observateur, comparou os problemas dos
países subdesenvolvidos com os do Terceiro Estado existente na França antes da Revolução
Francesa. O Terceiro Estado compreendia o grande contingente da população, que
não possuía aos mesmos privilégios do primeiro e do Segundo Estado,
constituídos pelo clero e pelo nobreza, respectivamente.
Como na época e, a que a
expressão foi criada o sistema socialista era adotado em vários países,
estabeleceu-se uma divisão que considerava; o Segundo Mundo, das nações
socialistas (ricas e pobres); e o Terceiro Mundo dos países capitalistas
periféricos. Com o fim do mundo socialista no inicio da década de 1990, essa
classificação deixou de ser usada.
Características
do subdesenvolvimento
Encontramos
diferenças entre os países subdesenvolvidos, mas algumas características são
comuns:
1.
Grande desigualdades sociais: causadas pela concentração e pela injusta
distribuição de renda. Péssimas condições de habitação e saneamento básico,
desnutrição, miséria e fome são consequências dessa desigual distribuição de
renda.
2.
Dependência financeira e tecnológica: com mercados dominados pelas empresas transnacionais
e por organismos financeiros internacionais. Essa dependência é agravada pelo
processo de descapitalização da economia, isto é, pela saída de capital que
volta como lucro ou pelo pagamento de royalties às sedes das transnacionais,
situadas em seu país.
3.
Dívida externa: pagamentos a empresas de países desenvolvidos e ao FMI comprometem
boa parte da renda, que poderia ser utilizada em benefícios, como escolas,
creches, creches e hospitais. A dívida externa foi a maneira que os países da
América Latina e da África são os mais penalizados pelas altíssimas dívidas
externas, embora a África Subsaariana apresente a situação mais crítica porque
suas exportações de produtos primários alcançam preços muito baixos no mercado
global.
4.
Balança comercial desfavorável: aas importações quase sempre superam as
exportações na grande maioria dos países subdesenvolvidos, cuja base da
economia são os produtos primários.
5.
Indicadores de desenvolvimento socioeconômico desfavorável: altas taxas de
mortalidade infantil, baixa expectativa de vida e baixa renda per capita são
marcas características do subdesenvolvimento.
Referência
ALMEIDA, Lúcia marina A. de. Fronteiras da
Globalização. São Paulo: Ática, 2010.