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terça-feira, 17 de abril de 2012


As várias Faces do subdesenvolvimento



“todo dia o sol da manhã vem e lhes desafia
Traz do sonho pro mundo
Quem já não queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia
E a cidade que tem braços abertos num cartão postalcom os punhos fechados da vida real
Lhes nega oportunidade mostra a face dura do mal....
- Alagados”. Hebert Viana.

As péssimas condições de moradias refletem nas paisagens urbanas das cidades, principalmente em países desenvolvidos. Sabemos que o subdesenvolvimento traz tantas diferenças regionais, desigualdades sociais e dependência, tanto tecnológica quanto do capital estrangeiro.

Origens do subdesenvolvimento

A desigualdade das relações entre países favoreceu a concentração de riquezas em algumas nações e causou a pobreza generalizada em grande parte do mundo.
O longo período de dominação política e econômica e no tipo de relação estabelecida entre e colônias e metrópoles enquanto existiram grandes impérios coloniais.


Grandes impérios  -Colonialismo( século XV – XVIII), Imperialismo (XIX):
·                    Potências Mercantilistas (Portugal e Espanha).
·                    Potências da Revolução Industrial (França, Inglaterra, Holanda). Os principais impérios coloniais eram britânicos e francês.
·                    Itália, Bélgica, Alemanha, Portugal e Espanha possuíam domínios mais modestos.
As ex-colônias adquiriram problemas após sua independência em decorrência da sua relação com a metrópole. Também adquiriram outros originados da própria incapacidade  de administrar seus destinos. A situação de pobreza agravaram com governos ditatoriais, submissão aos interesses de empresas transnacionais, corrupção, conflitos étnicos e dívida externa.
A Divisão Internacional do Trabalho (especialização ou papel de cada país no mercado mundial) também influenciado e controlado pelos países ricos, A metrópole dominava o comércio com as colônias através do pacto colonial.
As novas nações se especializaram-se na exportação de matérias-primas agrícolas e minerais e tornaram-se mercado consumidor para produtos industrializados das antigas metrópoles (DIT Clássica).
Após a Segunda Guerra Mundial, as empresas transnacionais procuraram, nesses países, um novo mercado para vender seus produtos, aplicar seu capital e aproveitar sua abundante oferta de mão de obra barata.
A divisão internacional do trabalho foi se tornando cada vez mais complexa, os países subdesenvolvidos passaram exercer novos papeis. A industrialização de países subdesenvolvidos e o surgimento de nações emergentes não só ampliaram a divisão internacional do trabalho como aprofundaram a dependência desses países em relação aos países desenvolvidos.

O antigo Terceiro Mundo e o Movimento dos Não Aliados.
Após a Segunda Guerra Mundial, teve inicio o processo de descolonização de países da África e da Ásia (1946-1975), que, somados aos países da América Latina, independentes desde o século XIX, formaram um conjunto chamado por muitos anos de Terceiro Mundo.
O processo de descolonização deixou claro que as antigas colônias não competiram em igualdade de condições com as nações que já haviam realizado sua revolução industrial e atuando como potências coloniais durante i período do colonialismo e do imperialismo.
As novas nações independentes surgiram num contexto mundial marcado pela guerra fria, em que socialistas e capitalistas disputavam avidamente o controle de cada nova nação, e num momento em que países ricos queriam manter o preço das matérias-primas no mercado mundial.
Países africanos e asiáticos defenderam o direito de manter uma postura de equidistância geopolítica das superpotências, não estar alinhado com nenhuma delas.
Foi realizada na Indonésia, em 1955, uma conferência governada por Ahmed Sukarno, para reivindicar seus direitos  e colocar em evidências as desigualdades entre países ricos e pobres, o conflito Norte-Sul, deixando de lado o então conflito Leste-Oeste.
A conferência foi organizada por índia, Paquistão, Birmânia (atual Mianma), Ceilão (atual Siri Lanka) e Indonésia. Reuniu país europeu ou americano esteve presente em Bandug. Os países latino-americanos não foram chamados porque eram dominados economicamente pelos Estados Unidos. O líder iuguslavo Josip Tito teria, mais tarde, importante participação na formação do bloco dos países não alinhados.
Os principais líderes do movimento foram Gamal Abdel Nasser, do Egito, Jawaharlal Nerhu, da índia, e Josip Tito, da Iuguslávia, que em 1956, reunidos na ilha de Brioni, no mar Adríatico, tentaram, seguindo as orientações de Bandug, deixar mais forte essa terceira força, que deveria ter papel mais atuante na Assembleia Geral da ONU, significando uma alternativa entre o capitalismo dos estados Unidos e o socialismo da União Soviética.  
Em setembro de 1961, realizou-se a Conferência de Cúpula de Belgrado (Iuguslávia), onde foi oficialmente criado o Movimento de países Não Alinhados, dessa vez com a participação de um país latino-americano: Cuba.
 Com o fim do socialismo o movimento procurou justificar sua existência fora da guerra fria. Em 2009, a organização reuniu 118 países e pretendia agir em defesa dos interesse dos países do Sul, no mecanismo da economia mundial.

Origem da Expressão Terceiro Mundo

A expressão Terceiro Mundo foi criada, em 1992, pelo demógrafo francês Alfred Sauvy, em um artigo publicado no semanário francês France Observateur, comparou os problemas dos países subdesenvolvidos com os do Terceiro Estado existente na França antes da Revolução Francesa. O Terceiro Estado compreendia o grande contingente da população, que não possuía aos mesmos privilégios do primeiro e do Segundo Estado, constituídos pelo clero e pelo nobreza, respectivamente.
Como na época e, a que a expressão foi criada o sistema socialista era adotado em vários países, estabeleceu-se uma divisão que considerava; o Segundo Mundo, das nações socialistas (ricas e pobres); e o Terceiro Mundo dos países capitalistas periféricos. Com o fim do mundo socialista no inicio da década de 1990, essa classificação deixou de ser usada.



Características do subdesenvolvimento

Encontramos diferenças entre os países subdesenvolvidos, mas algumas características são comuns:
1. Grande desigualdades sociais: causadas pela concentração e pela injusta distribuição de renda. Péssimas condições de habitação e saneamento básico, desnutrição, miséria e fome são consequências dessa desigual distribuição de renda.
2. Dependência financeira e tecnológica: com mercados dominados pelas empresas transnacionais e por organismos financeiros internacionais. Essa dependência é agravada pelo processo de descapitalização da economia, isto é, pela saída de capital que volta como lucro ou pelo pagamento de royalties às sedes das transnacionais, situadas em seu país.
3. Dívida externa: pagamentos a empresas de países desenvolvidos e ao FMI comprometem boa parte da renda, que poderia ser utilizada em benefícios, como escolas, creches, creches e hospitais. A dívida externa foi a maneira que os países da América Latina e da África são os mais penalizados pelas altíssimas dívidas externas, embora a África Subsaariana apresente a situação mais crítica porque suas exportações de produtos primários alcançam preços muito baixos no mercado global.
4. Balança comercial desfavorável: aas importações quase sempre superam as exportações na grande maioria dos países subdesenvolvidos, cuja base da economia são os produtos primários.
5. Indicadores de desenvolvimento socioeconômico desfavorável: altas taxas de mortalidade infantil, baixa expectativa de vida e baixa renda per capita são marcas características do subdesenvolvimento.

Referência

ALMEIDA,  Lúcia marina A. de. Fronteiras da Globalização. São Paulo: Ática, 2010.