Evolução do Pensamento Geográfico : a caracterização de cada escola Geográfica.
Na geografia Classica atividades voltam para observação e descrição da
paisagem, reflexões sobre a ação do homem no meio, e a partir da sobreposição
destes aspectos em vários locais, criando as regiões, daí tem-se o regionalismo
como uma das principais características desta escola.
A geografia quantitativa é caracterizada pelo neopositivismo e o rigor
científico, com suas atividades muitas vezes voltadas para o planejamento do
espaço.
A geografia critica surge com a
preocupação social, refletindo e criticando o modo de produção capitalista.
A geografia humanística foca seus estudos na análise da percepção que
os sujeitos têm do espaço e lugar.
Geografia Clássica somente no
século XIX a geografia ganhou reconhecimento e passou a ser considerada como
ciência e ser estudada nas universidades.
A primeira cadeira geográfica foi criada na Alemanha, graças aos
trabalhos de Carl Ritter. Alexander Von Humboldt também se torna uma grande
influência no que tange a análise das paisagens naturais.
Influência no Brasil no final do
século XIX, a França também ganhou uma cadeira geográfica na universidade de
Nancy, ocupada por Paul Vidal de La Blache, e partir daí difundiu-se para
outros países. Aspectos da Geografia Francesa, uma vez que esta se faz presente
em nosso
país a partir do início do
século XX, com a vinda de diversos pesquisadores franceses, que além de
realizar diversos trabalhos, como o primeiro levantamento geomorfológico
brasileiro realizado por Emmanuel de Martnonne, também foram responsáveis pela
institucionalização da geografia brasileira na Universidade de São Paulo.
Crescente Importância perda da França na guerra contra a Alemanha, no final
do séc. XIX. Tal perda foi justificada pela implantação da cátedra de Geografia
na Alemanha o que teria influenciado na criação de uma melhor consciência
espacial por parte dos alemães. Com isso o governo francês buscou voltar sua
atenção ao desenvolvimento da Geografia na França, recorrendo inclusive ao
ensino da mesma para além da universidade.
Determinismo Geográfico defendia
que as características dos povos se devem à influência do meio natural. Deterministas proeminentes foram
Carl Ritter, Ellen Churchil e
Ellsoworth Huntington. Hipóteses populares como "o calor
torna os habitantes dos trópicos preguiçosos" e "mudanças freqüentes
na pressão Garimetrica tornam os
habitantes das latitudes médias mais
inteligentes" eram assim defendidas e fundamentadas.
Nos no anos 1930 esta escola de
pensamento foi largamente repudiada por lhe faltarem bases sustentáveis e por
ser propensa (frequentemente intolerante) a generalizações.
Possibilismo de Paul Vidal de La Blache, que dizia que a geografia é
uma “ciência dos lugares e não dos homens” . Ele se tornou um importante
precursor da geografia clássica francesa. Para este autor, uma das principais
características desta escola foi o Possibilismo, onde se refletiu sobre a
relação do homem com o meio, admitindo que o meio influencia o Homem, mas ao
mesmo tempo, de acordo com o gênero de vida, que envolve aspectos históricos,
sociais e ambientais o Homem pode exercer influência / resistência ao meio.
Geografia Regional (classica) cientistas
viram a necessidade de conhecer melhor o espaço para o avanço das explorações e
produção, realizando estudos e análises da paisagem em seus aspectos naturais,
inicialmente e, posteriormente, preocupou-se com a ação antrópica no mesmo. Mas
devido às dificuldades metodológicas para tratar a ação do homem no espaço, a
princípio, os geógrafos o trabalharam de modo superficial, focando seus estudos
na descrição e caracterização da paisagem.
Ao relacionar as características
do espaço com a ação do homem no mesmo, originou-se a Geografia Regional, sendo
uma das principais características desta escola.
Determinismo Geográfico : Porém, o determinismo foi um reducionismo do
pensamento do geógrafo Friedrich Ratzel , o qual dizia que o meio influencia a
história humana na medida em que pode oferecer melhor ou pior acesso aos
recursos naturais, mas não que determina o comportamento dos homens.
Os autores deterministas foram criticados pelo geógrafo Viddal de La Blache e outros representantes do
possibilismo, escola de pensamento que relativiza o papel das influências
naturais sobre a sociedade com o argumento de que a natureza oferece apenas um
conjunto de possibilidades de transformação das paisagens[1]. seria
na verdade uma complementação, uma continuação da teoria de Ratzel e não uma
oposição, como a maioria enxerga e ensina, de forma simplista.
Geografia Geral e Regional, divergências técnicas e conceituais entre a
geografia geral e geografia regional, resultou na fragmentação da geografia. A
geografia geral e a geografia regional objetivavam estudar a distribuição dos
fenômenos na superfície da terra. O reflexo da fragmentação foi a divisão em
geografia física e geografia humana.
Sendo que na divisão em geografia física e humana surgiu mais
subdivisões, tornando se mais específica, como na primeira, a geomorfologia,
climatologia, hidrografia, fitogeografia, zoogeografia; enquanto na geografia
humana as especializações se desenvolveram como a geografia da população,
agrária, industria, política, economia, social, etc. Estas subdivisões
empobreceram a epistemologia e metodologia desta ciência, considerado um fator
negativo, colocando em risco a existência da geografia como ciência.
No Brasil a geografia se
institucionalizou no ensino e pesquisa na década de 30, ou seja, no final da
República Velha. Tal influência ocorreu com a publicação de livros geográficos
no Brasil, influenciados por geógrafos franceses. O s trabalhos publicados e
também os estudos realizados no Brasil foram estimuladores para expansão desta
ciência resultando em numerosos estudos.
A influência da Escola Francesa no Brasil ficou muito clara, (...) o
pensamento da escola clássica francesa dominou a geografia brasileira desde a
implantação destas instituições até o XVIII Congresso Internacional de
Geografia, realizado no Rio de Janeiro, em 1956, a partir daí começou a ser
sentida a influência de mestres de outras nacionalidades sobre os geógrafos do
Brasil.(...)
Geografia Classica manteve suas
atividades analisando a ralação do homem com o meio e as regionalizações.
Geografia Quantitativa ou Nova Geografia
A Nova Geografia representa o surgimento de uma nova forma de trabalhar
e pensar a geografia. Esta mudança se deve às drásticas transformações que o
mundo passou após a 2º Guerra Mundial, que gerou grande impacto econômico e
social em todo o mundo. Foi preciso reconstruir as cidades não só em seus
aspectos físicos, mas também sociais, econômicos e a moral também.
Uso da Matemática. Trabalhos de levantamentos para analisar a situação
econômica e social para identificar os caminhos a seguir para atingir os
objetivos desejados em tempo definido. Se desenvolvem profundamente as noções
de planejamento e sistemas, trabalhando, especialmente na criação de modelos
urbanos, ambientais e regionais, que trouxessem rapidez aos processos de
reconstrução e expansão do capital, e que tivessem a capacidade de permitir
trabalhos com equipes interdisciplinares, para isso, uma linguagem comum foi
adotada prioritariamente: a matemática.
Estatística levantamentos sobre a distribuição das atividades econômicas
e populacional por vários países, daí veio a possibilidade de planejar uma
melhor distribuição e localização das indústrias, da agricultura e da
comunicação. Com isso intensificaram as pesquisas em dados estatísticos que
também contribuiu para os economistas e planejadores.
Organização Espacial sugere a noção de paisagem: Neste novo paradigma contemporâneo, ela passou a ser
tratada com sistema espacial ou organização espacial. As organizações espaciais
se ligam com as atividades relacionadas entre o homem e o meio.
Localização
A localização absoluta baseia-se na precisão das informações espaciais,
ou seja, na necessidade de “precisar onde os fenômenos estavam situados,
foram-se aperfeiçoando instrumentos técnicas cartográficas e redes de
coordenadas para apresentarem tais distribuições.”
A localização relativa se difere da anterior pela sua dinamicidade,
estando ligada ao tempo. “É a posição que um lugar ocupa em relação às outras
localidades,
podendo ser expressa das mais diversas maneiras (em tempo de percurso,
em custo de transportes, em freqüência de comunicação e outras técnicas)”.
Influência
Os Estados Unidos exerceram forte influência nas atividades científicas
no Brasil, como no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na
Universidade Estadual Paulista. O
(...) sistemática e continua por quase duas décadas, influenciando na
postura metodológica dos autores de livros didáticos e dos próprios professores
de Geografia,
Função no Brasil
é a de difundir uma ideologia da “Pátria”, do “Estado Nação”, tornar
essa construção histórica como “natural”, dar ênfase não a sociedade (aliás,
esta deve ser vista como “comunidade” e os “problemas normais” que surgem
“serão inevitavelmente resolvidos pelo Estado”, com as “leis” ou com os
“planejamentos”) e sim à terra.
Geografia Crítica
A maneira como está sendo organizado todo espaço mundial e suas
conseqüências, sendo uma das principais a desigualdade econômica e social,
chamou a atenção de muitos geógrafos, que se expressaram fazendo críticas a
Geografia Clássica e a Geografia Tradicional, alegando que estas não deram conta dos problemas sociais que se tem como resultado o
modo de produção capitalista espalhado por todo mundo.
A partir da década de 60, geógrafos expressaram suas preocupações com a
questão social, fazendo fortes críticas ao modo de produção capitalista,
resultando na Geografia Crítica ou Radical. Estes geógrafos que tecem fortes
críticas às injustiças sociais, tendem a buscar as causas e resolução destes
problemas. A denominação crítica se deve por assumirem esta posição com
compromisso, sem “esconder-se sob falsas neutralidades”.As transformações espaciais provocadas pelo modo de produção
capitalista, aumentaram a diferenciação dos lugares, se fazendo dinâmico, capaz
de se transformar com mais freqüência e velocidade, isso faz com que a
configuração regional anterior perder sua validade.
Geografia Crítica rompendo com o naturalismo da geografia clássica. O
modo de produção também exerce influência nas relações sociais de toda
humanidade, alterando a noção de espaço socialmente produzido. A economia se
tornou global, rompendo as barreiras no comércio mundial, havendo forte relação
de importação e exportação de variados produtos. Mas a sociedade usa produtos
como roupas, eletros domésticos e alimentos, sem se preocupar em saber de onde
originou.
No
Brasil a geografia crítica chega ao fim da década de 70, momento em que o regime
militar se enfraquecia, e que os geógrafos contrários a este modo de governo,
já haviam contestado em momento anterior, mas foram sufocados pelo rigor
político. Por tanto é neste momento que a geografia crítica rompe as barreiras
para se expressar e difundir seus ideais. Milton Santos foi um dos principais
precursores da geografia crítica no Brasil e no mundo, fez fortes críticas ao
modelo política capitalista que incentiva o consumo irracional, pensando apenas
no favorecimento direto e indireto ao Estado, visando fortalecer a própria
economia (SANTOS, 1996). Esta linha de
pensamento tem, no Brasil, forte atuação na construção de parâmetros para a
educação básica, uma vez que pretende formar cidadãos críticos, com capacidade
de criar e compreender seu papel social.
Geografia Humanística
A geografia Humanística se caracteriza pelo modo de analisar a relação
do ser humano com a natureza, entender o sentimento e idéias que as pessoas têm
do lugar e do espaço. O humanismo é definido como uma visão ampla do que a
pessoa humana é e do que pode fazer. (...) O humanismo luta por uma visão mais
abrangente. (...) A geografia Humanística, tenta especificamente entender como
as atividades e os fenômenos geográficos revelam a qualidade da conscientização
humana.
Geografia Humanística orientar e planejar políticas e estudos voltados
para interpretação do meio ambiente e a educação ambiental; percepção que as
pessoas têm do lugar, observando que há diferença de percepção entre os
indivíduos, com isso pode-se dizer que cada sujeito age de forma diferente nos
lugares, de acordo com os valores sobre o mesmo, ações tais que refletem no
espaço social. Perspectiva estudarem os sentimentos, valores, significados e propósitos
do homem com o espaço em que vive. Já o lugar é caracterizado como aquele em
que o sujeito se familiariza e integra, ele faz parte do seu mundo e
relaciona-se com as afinidades afetivas que a pessoa possui pelo lugar.
A geografia Humanística procura valorizar a experiência do indivíduo ou
do grupo, visando compreender o comportamento e as maneiras de sentir das
pessoas em relação aos seus lugares. Para cada indivíduo, para cada grupo
humano, existe uma visão do mundo, que se expressa através das suas atividades
e valores para com o quadro ambiente. É o contexto pelo qual a pessoa valoriza
e organiza o seu espaço e o seu mundo, e nele se relaciona. (...) O lugar não é
toda e qualquer localidade, mas aquela que tem significância afetiva para uma
pessoa ou grupo de pessoas. O espaço
nesta perspectiva é analisado na percepção visual, o movimento, o tato e
pensamentos, estas são as combinações que possibilita o reconhecimento e
capacidade de colocar em ordem os objetos.
Os geógrafos humanistas observam que a ação da globalização por todo o
mundo provoca a descaracterização do lugar, devido à “uniformização” do modo de
vida. Em vários locais do mundo, é possível comer o mesmo tipo de comida, usar
a mesma moda de roupa por várias partes do mundo, os meios de transportes são
os mesmos, os programas de TV também podem ser transmitidos por todo o mundo, e
muito mais (CHRISTOFOLETTI, 1982).
Pós-moderna . Entretanto, dada a idade recente destas discussões,
consideramos que haveria pouca possibilidade destas que, mal avançaram em suas
discussões no ambiente acadêmico brasileiro, já terem alcançado o ensino básico
de geografia.
O Geógrafo vê o mundo de muitas formas.
A pessoa que se forma em Geografia é chamada de
Geógrafo, durante o curso é possível se graduar em licenciatura e
bacharelado ao mesmo tempo, ou somente em um dos dois.
O profissional licenciado atua na docência e em todos os níveis do
ensino (fundamental, médio e superior). O Geógrafo bacharel desenvolve
atividades no seguimento de pesquisa e suporte técnico direcionados a
diversos tipos de temas, em áreas urbanas, rurais, florestais entre
outros.
Os principais ramos de atuação do Geógrafo:
Meio ambiente e estudos ambientais
• Elaboração de EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e RIMA (Relatório de
Impacto Ambiental), além de avaliar, fornecer laudos técnicos e manejo
dos recursos naturais.
• Projeto de recuperação de áreas degradadas e gerenciamento ambiental.
• Controle do uso das bacias hidrográficas e das áreas de conservação ambiental.
• Elaboração de projetos preventivos contra processos erosivos,
assoreamentos e também recuperação de áreas com presença de erosões.
Planejamento urbano e populacional
• Elaboração de planos diretores para cidades, zonas rurais entre outros.
• Organização territorial.
• Instituir e administrar sistemas de informações geográficas.
• Gerenciamento na implantação de redes de transportes que oferecem condições de fluxo de pessoas, mercadorias e serviços.
• Estudo de mercado em diferentes escalas (local, regional e internacional).
• Análise de regiões e seus aspectos para realização do planejamento.
• Estudos diversos acerca das populações e suas relações econômicas,
sociais, culturais, políticas e demais assuntos relacionados.
Cartografia
• Realização de mapeamento direcionado a inúmeros temas de abordagem.
• Construção e elaboração de mapas e cartas que delimitam territórios municipais, estaduais, nacionais e internacionais.
• Elaboração e análise de cartas de declividade ou topográfica e o estudo do relevo.
• Interpretação de foto aérea, imagem de radar, imagem de satélite e sensoriamento remoto.
• Geoprocessamento, uso do GPS e de programas de computador direcionados à cartografia.
Turismo
• Parecer técnico de potencial turístico e gerenciamento dos mesmos.
• Implantação de projetos ligados aos serviços do ecoturismo.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia